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Maquetes, Modelos e Educação:
Uma aplicação absolutamente crucial de maquetes e modelos se dá na área de educação, porque revelam uma capacidade extremamente rica de produção e transmissão de conhecimento. A produção de conhecimento, particularmente por meio da problematização, adquiriu posição de destaque merecido nos processos de ensino-aprendizagem, em meio a uma dinamização das relações entre corpo discente e corpo docente. Já vão longe os dias em que escolas e cursos eram entendidos como locais de mera transmissão de conhecimento, sem troca e sem colaboração entre alunos, passivos de um lado, e professores, autoridades ativas e dogmáticas de outro. Entende-se hoje, que os alunos devem aliar sua capacidade intuitiva a uma habilidade intelectual, reflexiva. Em essência, eles devem pensar o que fazem enquanto fazem.
Na transmissão de conhecimento, maquetes e modelos permitem a visualização concreta desde efeitos físicos e relações químicas a acontecimentos históricos, acidentes geográficos e fenômenos climáticos e ambientais, bem como construções matemáticas e revelações nas artes, entre outros. Até nos esportes uma quadra com peças móveis são de grande utilidade. Os laboratórios sempre foram espaços extremamente férteis para a demonstração. O grau de compreensão e a apreensão de conhecimento por meio de modelos reais são testemunha viva de sua riqueza como instrumento de comunicação.
Laboratórios, que na indústria sempre se dedicaram a desenvolver idéias e produtos, infelizmente norteados fundamentalmente por interesses financeiros e hegemônicos, passaram, na área da educação, a ser melhor aproveitados. O termo laboratório readquiriu aqui sua definição original, como centro de estudos e testes experimentais, agora em qualquer área científica, humana e cultural, essencialmente com aplicação prática, mas também para fundamentação teórica. A descoberta por meio de exercícios práticos e concretos permite ao ser humano, de acordo com demonstrações científicas, absorver algo como 90% dos temas estudados.
Especificamente nos cursos de Arquitetura e Urbanismo, em alguns dos quais participa o diretor da S.Q. Maquetes, mas também nos de Desenho Industrial, Matemática, Física, Geologia, Engenharia, Comunicação e Artes e outros, é que a utilização de modelos se revela especialmente interessante como ferramenta de reflexão, de desenvolvimento de idéias e produção de conhecimento. A possibilidade da concretização de noções intelectuais com os materiais mais inesperados, provocando as mais diversas sensações, permite a evolução e a lapidação dos conceitos e a aproximação cada vez mais profícua entre essas noções e sua realização. Os processos criativos se beneficiam nitidamente deste instrumento em qualquer estágio, tanto na comunicação de quem cria consigo mesmo, como entre este e seus interlocutores. Sabemos que a criatividade não pode prescindir de repertório, bem como talentos não nascem acabados. Precisam ser desenvolvidos e enriquecidos. O que é fascinante no caso de modelos, e especificamente no de modelos tridimensionais reais, é como estes se prestam maravilhosamente não só ao processo de criação em si, mas também ao acúmulo de repertório, de experiência, ao desenvolvimento de talentos e habilidades, em essência, de produção e acúmulo de conhecimento e ampliação de capacidades.
É lamentável, portanto, notar que, no Brasil, esta não seja uma ferramenta de produção de conhecimento valorizada, embora consagrada historicamente. No caso dos cursos de Arquitetura e Urbanismo isso se revela mais constrangedor, pois não só representa porcentagem ínfima do currículo (quando é!), como o próprio Ministério da Educação não a inclui como tema essencial destes cursos (ao contrário, é descartável), "inexplicavelmente" não incluindo um laboratório específico como exigência. Os danos para a formação dos alunos e futuros profissionais são significativos. Estes não têm acesso profundo a uma ferramenta que utilizariam produtivamente tanto em sua formação, como profissionalmente. Grandes escritórios de arquitetura no mundo lançam rotineiramente mão de profissionais de modelagem e maquetaria, ou mesmo têm em suas dependências um espaço especificamente designado para esta prática. E não por outro motivo senão por entendê-lo como um instrumento inigualável de produção, desenvolvimento, e comunicação de idéias. Infelizmente são poucos se comparados com o número estimado total.
O resultado mais evidente deste processo todo é uma ignorância bastante generalizada sobre esta ferramenta e seu fantástico potencial, seus processos e metodologias, sua riqueza para a criação. Exceto no caso de alguns poucos afortunados, percebemos que arquitetos consagrados hoje não sabem mesmo solicitar de modo construtivo um modelo. Involuntariamente dificultam o nivelamento de percepções que possibilitaria almejar um resultado satisfatório. De fato, alguns destes profissionais, professores no ensino superior, não sabem orientar seus alunos na utilização deste instrumento, isso quando o valorizam ou se lembram dele! Não ganham os alunos, que em grande medida não dispõem de um elemento crucial para sua formação. Não ganham arquitetos e outros profissionais, que não sabem definir com clareza o que desejam como produto. Não ganha a própria atividade, que enfrenta obstáculos gigantescos para se firmar como produtora de qualidade ao nadar exaustivamente em um mar de quantidades descartáveis e produtos vulgares e mal acabados, justificados como regras dadas e imutáveis de mercado. Neste último caso, a pressa da realização financeira prioriza a quantidade, relegando a um irrelevante segundo plano, a qualidade. Não é por acaso que quando profissionais têm a oportunidade de entrar em contato com esta produção qualitativamente significativa e diferenciada da massificação mercadológica, se entusiasmam como crianças.
A S.Q. Maquetes tem atuado também nesta área, junto a profissionais e instituições de ensino e culturais, ou profissionais que se utilizam de ferramentas educacionais para diversos fins. É nosso compromisso nos esforçarmos sempre mais para que esta visão mais construtiva seja recuperada, se firme e prevaleça, com base no entendimento de que, sem educação e informação, não se constrói uma nação genuinamente livre e soberana.
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